terça-feira, 19 de julho de 2016

Tempo.

Algumas pessoas preenchem espaços e outras simplesmente tornam os momentos menos solitários. Deixam que as profundezas dos olhares sobressaiam sem grandes esforços. Desimpedem as células sentimentais de obstruções vasculares e fazem do céu algodão mais doce que o normal. Às vezes as pessoas menos esperadas tornam-se cabeças importantes. Transformam dias de nevoeiro em ventos de mudanças repentinamente boas. Penteiam os cabelos desorientados. E apercebem-se que a ironia do destino passado obriga a apreciar o silêncio para se conhecer o barulho de multidões de sentimentos descontrolados. A verdade é que preencher espaços impreenchíveis é perigoso. Arranca palavras noturnas ao sono profundo e atira pedras de lágrimas sem necessidade de água doce. Na realidade abstrata o importante é fazer alguma coisa em vez de matar o tempo. Arrancar todos os minutos das horas e todas as horas dos dias. Porque no meio disto tudo, o tempo é que nos tem morto. Aos dois. Sem dó nem piedade. Com uma única visão do mundo. O tempo.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Energia Útil.

Acredito na mudança infinita do rumo de vidas despedaçadas. Na alteração imprescindível do sentido das mentes. Aceito uma súbita suspeita de união de gentes. E compreendo a desarrumação de cérebros confundidos por palavras. Organizo o meu espaço sem grandes modelos históricos de páginas de livros de etiqueta. Ocupo a cabeça de mexericos. E deixo que o vento alimente os sonhos de criança. Penso no mundo sem grandes feitiços. Acredito em magias necessárias à sobrevivência. E venero a capacidade de armazenamento poluente de certos cérebros. Pego nas ondas das correntes de dificuldades e transformo-as em energia útil. Agarro nas verdades e deixo que escorram na cara de míseros imbecis.  Alimento a fome de metas inalcançáveis. E deixo que o céu torne possível voos de galinhas. Viabilizo possibilidades impossíveis. Organizo labirintos de ideias de milhões. E fico-me por aí... pelas ideias, porque os milhões só vêm com esforço. Encarrego-me de perceber o que vai na cabeça dos outros. Redijo testamentos que nunca partilharei. Movo lembranças de dias memoráveis. E solto os cabelos ao vento como quem solta uma lágrima num momento inoportuno... em harmonia com o Mundo.