domingo, 21 de junho de 2015

Até que ela nos separe.

Sempre tive um carinho especial pela morte. Nunca foi aquele bicho de sete cabeças que sempre atormentou o futuro. Futuro. Já pensaram que o futuro mais próximo é a morte?! E o futuro mais infinito é a morte?! Caminhamos para a morte. Dia após dia. E isso deixa-nos felizes. Cumprir objetivos é avançar cautelosamente para a morte. Traçar vidas conjuntas é percorrer segundos que nos distanciam da morte. Mas nós somos burros?! Felicidade é morte e nós andamos aqui todos a mostrar os dentes. Mas eu continuo a gostar da morte. Foi graças a esta menina que tive tudo na vida. Que tive vida. É a ela que devo todas as manhãs de música. Todos os dias de sol. Todos os sonhos à chuva. Todos os mergulhos às nove da noite. Todos os obrigadas. Todas as estrelas que contei. Morte. É, dizem que é uma palavra pesada. Pesada de saudades, de momentos armazenados no coração. Porque é a ela que devemos agradecer. Pôr as lamúrias de parte e agradecer profundamente. Nunca ninguém lhe escapou. É a morte. Aquele sentimento inferior perante nada. Perante tudo. Morte é morte. É uma data. A morte sente-se e não se sente. É um medo constante pelo inevitável. Inevitável. Morremos um pouco todos os dias. Mas a verdade é que ninguém sabe o que é a morte sem antes morrer. Ou morremos e sabemos, ou olha, deixa-se viver. E viva a morte! Até que ela nos separe.

domingo, 14 de junho de 2015

É loucura, minha gente desloucada.

Sempre apreciei o louco. O louco por mim e o louco por ti. Simplesmente vivo na loucura dos mundos. Na loucura das pressas e das não pressas. É loucura. Comprimir todos os sonhos e guardá-los numa caixa. Abrir a tampa mais tarde. É loucura. Sonhos são loucuras escondidas dos outros. E esconder-me é loucura. Vivemos todos na loucura de momentos. Na loucura de acabar o que nos foi pedido. Prazos são loucuras. E loucura é loucura. Quem é o louco que dorme durante a noite e respira durante o dia? Quem é o louco que acredita num Mundo de impostos e dinheiros mal pagos? Loucos são loucos. A loucura move loucos. Move copos de mão para mão. Move carros de país para país. E move pés. Loucura move ventanias de pés descalços. É verdade. Pés. Loucura é um pedido não habitual. Uma desculpa não desculpada e sete elefantes no mesmo quarto. E mesmo assim é possível. Diminuem-se os elefantes ou aumenta-se o quarto. É loucura. Profunda. Daquela de tipos. Tipo "Isso é impossível!" ou "Não vais conseguir!". É loucura, minha gente desloucada. Loucura é pedirem-me que fique em casa num dia de chuva. Chuva é loucura. E os loucos são vocês.

terça-feira, 2 de junho de 2015

A todo o Sr.Examinador que por aí anda.

Examinam de manhã, quando nos pedem para nos levantarmos cedo e como se não bastasse examinam-nos à noite, de forma a que nos deitemos cedo para nos podermos levantar cedo. Ciclos rotinosos. Examinam-nos de alto a baixo. No trabalho. Na escola. Na rua. Somos examinados de alto a baixo p'ra aí umas três vezes. Dos pés à cabeça. Do cabelo à mais feia unha do pé. Examinam-nos na caixa do supermercado. Aparências desenvolvidas na altura que sucede a horas de espera nas tão desejadas filas de supermercado. Burros. Examinam-nos pelo humor com que acordamos. Pelo que dizemos no decorrer de um dia péssimo. Examinam-nos pela cor dos olhos. E que os olhos falem Sr.Examinador! Examinam-nos pelo nosso percurso escolar. Mesmo depois de anos, papéis continuam a ser mais importantes que palavras. PALAVRAS. Examinam-nos pelo nosso emprego de horas. Examinam-nos pelos livros que carregamos nos braços, que por sua vez podem ser fininhos, grossos, peludos, compridos, amarelos, com borbulhas, ásperos e não ásperos, com sinais ou até os mais tortos do Mundo. Examinam-nos por tudo e por nada. Por um copo na mão. Pelo indivíduo que nos acompanha. Pela chave do carro que trazemos no bolso das calças. Somos rotulados e examinados na exaustão de simplesmente examinar. E que resultados devem ser esses!? Aparências iludem. Faça o favor de se examinar Sr.Examinador que por aí anda. Examine-se a você. Três vezes. Número da perfeição.